9.26.2010

Have you seen the pope? Have you seen my keys?

And the Italian cooker asked by an old lady: «Have you seen the Pope? ... Which one? No, there is only one! The pope. Which one? There are many pubs... I know the Victoria pub, the Shakespeare's head, the Palm Tree, The Pub».

Introduzido o nível de surrealismo da minha mais recente semana com uma história ao estilo Italian in Malta 'there is no sheet in my bed' prometo ter tido 10 dias da maior ressaca continua da minha vida onde diversas desventuras vissitúdicas comico-trágicas se me acometeram.
Façamos uma lista para ordenar os factos e poupar o cérebro da autora e do leitor:
1. bebemos copos de vinho tinto chileno tropeçamos no cabo de alimentação do portátil novo e deixamo-lo cair, rachamos-lhe a entrada do cabo de alimentação
2. bebemos copos de vinho chileno depois dum dia depressivo e usamos a feitura do bolo como terapia (todas as 4ªFs há tea party) afinal já alguém se havia proposto a fazer uma mas ganhamos o concurso contra um bolo de banana foleiro que todavia salvou uma das colegas que era alérgica a frutos secos
3. bebemos copos de vinho sul-africano depois de jantar, depois de tomar banho, depois de correr, depois de correr a fugir dum esquilo em fúria, que fugia dum cão em fúria, que fugia dum toxicodependente em fúria, há um dia em que bebemos muitas pints de Guinness, depois de termos visto raposas no centro da cidade (de verdade)
4. bebemos muitos copos de vinho não sei já bem de onde e bebemos cervejas e mais vinho e mais cervejas, go back and forward, até são duas da manhã (ofensivo) e reparamos que não temos as chaves, ligamos ao flatmate que não atende, não tocamos a campainha porque ainda não matámos o chinês com olhar 33, vamos dormir a casa dum desconhecido que nos alberga, regressamos ao trabalho as 9am e alguém diz «Why do you come everyday so early if the classes haven't yet begin?», segue o sorriso Mona Lisa, Ana Crónica: 2 pontos = bolo e 'madrugadora'
5. bebemos agora só cervejas entremeadas com Colas, enfim, agora não sabemos do telemóvel português, afinal um dia ele toca o despertador e está caído em casa do tal desconhecido que já é amigo e que me convida e ao meu convidado para ir a um churrasco lá em casa, e acabamos com um inglês que não foi convidado por ninguém garantindo-lhe que somos católicos e 'all sperm is sacred' e ele protestante ofende-se por virarmos humor back at him (o maior dos chatos à face da terra)

Conclusão da história: os bifes são uma treta,os italianos azarados são tragi-cómicos, os esquilos são animais selvagens mas as raposas não e o fim do mundo? O fim do mundo é quando se acabar o vinho (direitos de autor reservados ao Mestre Alves PortoCanal).

9.19.2010

After Eight

Oito dias depois, sem fumo, sem drogas, sem sexo, é-me estranho mas menos.
Não sei se fica tudo mais claro ou embaciado. Estás numa espécie de programa de reabilitação. Fazes amigos espontaneamente em sítios onde vais o que é bom mas não conheces ainda ninguém o que é bom também, excepto começas a achar que seria bom estar com pessoas. Será possível viver sozinho em Londres? Sim! É uma boa opção, ummmmm, talvez. Em Londres nem sempre será fácil encontrares pessoas de verdade mas elas existem. Tornas-te um coleccionador e crias uma pequena lista de artefactos - uso desta palavra desconfio que não seja este mas fica tão bem no fim da frase - e corres uma hora e meia e vais a todas e não deixas passar uma. Começas a ser uma espécie de local do alguém tem que se chegar à frente na plateia em todos os eventos.
Listas coisas que resultam fazer em Londres por esta altura que não sejam desesperar com o fecho de linhas inteiras de metro, a visita do papa ou a vinda dos caloiros a certos pontos:
1. Bermondsey Street Festival - meio moda, meio cabaret da coxa, vai desde as coelhinhas bifas até aos meninos de óculos de massa pretos, é grátis
2. The Place and Sadler's Wells - dança contemporânea desde os maiores amadores da história e ficas a pensar wow alguém considerou dar-lhes um prémio de 35 mil£ e tens a dança contemporânea em grande estilo com Nitin Sawhney no som e o catrino
3. The Mayor's Thames Festival - pensas epá tenho de ir dizer olá ao Thames e esbarras com performances, música, truques e famílias como sempre e com um super desfile de Carnaval e fogos de artíficio no fim
4. Regent's and St. James Parks - dois parques lindíssimos um muito perto de onde moro agora o outro conto de fadas, aproveitas para correr uma hora e meia desalmadamente depois de um ano de ginásio e uma semana sem fumo, mostras o que vales e aproveitas os últimos raios de sol e calor, foges de esquilos em fúria que fogem de cães em fúria que fogem dum outro tarado ou agarrado sem fúria
5. Stand-up comedys - vês o que está a dar no allinlondon e escolhes ir ao mais estranho possível até veres que estás num mar lésbico tipo Oprah com a Ellen - já existe - altamente tóxico mas muito engraçado e bastante ofensivo como se quer e até encontras umas sistas de Brixton que te vão convidar não sei pra quê
4. Borough Market - no South Bank não muito barato mas giro, um mercado com frutas e vegetais a sério!
6. Turning Point Festival - pensas que podes ir ao Roundhouse Camden que é uma cena de gigs com malta muito groovy desde o super soulfunk até ao festival do Zappa
7. The Curry Festival - Martin Moniz versão stylish vintage trashy posh na Bricklane Market, vou lá almoçar agora.
E ainda hoje vou comer um after eight!

9.16.2010

Vou matar aquele chinês com o olhar 33

Ai F
Este podia ser o sub-título do Duarte e Companhia mas não é, este quer dizer aquele ali em cima.

Move-lhe apenas uma vontade imensa que se me aloja em mim como fera, de odiar cada vez mais povos deste mundo, uns com razão, outros também.

Pensara haver escrito - que linguajar bravo - um tratado contra os italianos, os alemães, os ingleses, os israelitas... Pensara mas não o fizera.

Guardei o insulto escorreito escarrada mascavado para lançar ao chinês: não há nada mais profundamente aventesmado e calmamente tacanheiro que um bife chinês.

Já me haviam dado um 'fisga-te neles':
Pior que um senhorio é um senhorio ilhéu e chinês, grande e pequeno, burro e cigano, calmo e besta. Percebem? O tudo e o nada num só.

Sim, o bife chinês guarda em si um princípio activo almiscarado cheio de musk e lótus, ao mesmo tempo e em contradição, qual Margaret Tatcher e Mao Tse Tung (ou Dong ou o), ou não.

E eu que andei a treinar Muai Thai só posso dizer-vos: eu vou matar esse chinês, nem que seja com o meu olhar 33, o meu Chanel número 5, and so on, and so forth.

Ou posso sempre insultá-lo em português ou checo, com muita força.

9.15.2010

O Kant roeu-me a rolha da garrafa

Kant, pontual.
Filósofo moral.
«Cosmopolistismo»
Aos 20 em Londres, aos 30 em Nova Iorque e aos 40 em Paris.
Estar no centro do mundo é um disfarce para saloios alemães, gentes nas quais eu nunca hei-de confiar.
Agora entrego-me ao alcoolismo porque alguém me roeu a rolha da garrafa, enfim, rrrrrr...

Olá, sou Ana Crónica, tenho 27 anos e sou alcoólica.

A Ilha

Num lugar longínquo fora da abençoada Europa fica uma ilha.
A ilha. Depois dela, habitantes: gentes e costumes.

Tempos houve em que achei - doravante escreveríamos assim a bem do povo - Huntington uma forma de demência. E o é.

«Choque cultural».

Que povo é este, pergunto-me, que usa alcatifas do aposento à cozinha, camas velhas retorcidas por Virginias, lava a loiça com descuro, bebe cerveja em pints, não tem qualquer noção de culinária ou apreciação gastronómica, sistema não-métrico, ingere coisas gordurosamente ordinárias, faz piadas com relativa ou nenhuma graça, enfim, quem são estes ilhéus?

O hino português trocou bretões por canhões. camões por galões, vinho por naprons e... e, eu ainda tenho esses anos crónicos pela frente, ou mais, ou mais.

Ainda não sei onde estou, nem sei o que Isto é.
Inaugura-se-me apenas o pensar com um sentido de que nas ilhas estamos sempre tão apertados e tão apartados, como eu e vós.